Toda a manifestação da natureza segue um padrão numérico e este é um dos princípios da matemática que dá estabilidade ao universo. A geometria, ciência aplicada da matemática que determina a medida das coisas é o meio pelo qual muitos filósofos e estudiosos conseguiram tangibilizar os princípios da criação.
O estudo da geometria remonta às épocas mais remotas de nossa história, mas foram os sólidos platónicos, poliedros que possuem todas as faces, ângulos e lados iguais, que nos deram uma das primeiras representações espaciais dos padrões matemáticos e que também inspiraram a Luca Pacioli, matemático italiano, na criação do seu tratado De Divina Proportione.
Os sólidos platónicos correspondem a 5 poliedros (cubo ou hexaedro, tetraedro, octaedro, dodecaedro e icosaedro) que sintetizam todas as formas e que representam em si, respectivamente, os 5 elementos da natureza (terra, fogo, ar, água e éter). Este ensinamento, herdado por Platão dos antigos egípcios, era ensinado na sua Akademya, como o princípio básico da manifestação das formas.
Como exímio observador da natureza, Leonardo Da Vinci buscava nos seus estudos decifrar os padrões existentes em cada um dos fenómenos naturais e recorreu à geometria para chegar até ao fundamento de toda a manifestação da vida. Em vários dos seus estudos de geometria ele representa a Flor da Vida, padrão geométrico constituído por vários círculos de igual diâmetro, sobrepostos de maneira padronizada e que formam uma estrutura semelhante a uma flor composta, elemento que, segundo a tradição egípcia, simboliza a vida em sua plena manifestação.
O símbolo da Flor da Vida já foi encontrado em diferentes civilizações da história, como no Templo de Osíris em Abydos no Egipto e em antigos artefactos presentes em Israel, Monte Sinai, Japão, China, Índia, Espanha, Colômbia, entre outros intermináveis exemplos.
Assim como o movimento dos electrões polariza os átomos, que por sua vez constituem cadeias moleculares que dão forma à vida manifestada, a Flor da Vida representa a criação em seu pleno movimento, contínuo e ininterrupto, que organiza a matéria de forma padronizada e sistemática. Compreender esses padrões pode ter sido uma das motivações de Da Vinci em seus estudos e uma das chaves de conhecimento que podem nos ajudar a compreender melhor a organização e a manifestação da vida.