Hermes Trismegistus


Hermetismo ou hermeticismo é o estudo e prática da filosofia oculta e da magia associados a escritos atribuídos a Hermes Trismegisto [wiki], “Hermes Três-Vezes-Grande”, uma alegada deidade sincrética que combina aspectos do deus grego Hermes e do deus egípcio Thoth.
Os escritos mais importantes atribuídos a Hermes são a Tábua de Esmeralda [wiki] e os textos do Corpus Hermeticum [wiki]. Estas crenças tiveram influência na sabedoria oculta europeia, desde a Renascença, quando foram reavivadas por figuras como Giordano Bruno e Marsilio Ficino. A magia hermética passou por um renascimento no século XIX na Europa Ocidental, onde foi praticada por nomes como os envolvidos na Ordem Hermética do Amanhecer Dourado [Golden Dawn] e Eliphas Levi. No século XX foi estudada por Aleister Crowley, entre outros.
Os Escritos Herméticos e a Magia
Os escritos herméticos são uma coleção de 18 obras Gregas, e as principais são o Corpus Hermeticum e a Tábua de Esmeralda. Estes escritos contêm os aspectos teóricos e filosóficos do Hermetismo em seu aspecto teosófico. O bizantino é marcado por uma outra coleção de obras herméticas, que também são relacionadas ao Hermes Trismegisto, e contêm uma tradição hermética popular a qual é composta essencialmente por escritos relacionados a astrologia, magia e Alquimia. Esta versão popular encontra sustentação ou base nos diálogos Herméticos, apesar dele se distanciar da magia.
O que é a Magia?
Esta é uma questão que, mesmo em círculos esotéricos, levanta muita discussão. Vários autores e filósofos em todas as épocas teceram variadas interpretações a respeito do assunto. Entretanto, os elementos-chave de todas as definições existentes parecem concordar em apenas um ponto: Magia (ou Magick) envolve o uso da mente humana para causar uma alteração da energia… Mudança no mundo, mudança do próprio indivíduo, mudança para com os outros.
Aleister Crowley definiu magia como “a Arte ou Ciência de causar uma mudança. Para que esta ocorra em conformidade com a Vontade”. Doreen Valiente define magia como “a ciência do controle das forças secretas da natureza”. Scott Cunningham chama a magia de “o movimento de energias naturais para criar uma mudança necessária”.
Quem foi Hermes?
Uma das chaves para entender como o Universo funciona foi dada por Hermes-Toth, também conhecido como Hermes Trismegistus. Algumas pessoas consideram um deus, outras um grande iniciado, e algumas ainda acreditam que este nome represente uma das primeiras Ordens Iniciáticas do Antigo Egipto e Grécia, cujos trabalhos de seus Iniciados perduram até os dias de hoje, através da ciência conhecida como Hermetismo.
Mas quem foi esta figura e o que ele nos deixou de legado.
Toth
Toth (ou Thoth) é considerada uma das divindades mais importantes do Egipto. Também chamado de “O escriba dos Deuses”, ele é geralmente descrito como tendo a cabeça de um Íbis. A sua contraparte feminina era Maat, deusa da Justiça, e o seu principal templo ficava em Khemennu (que os gregos chamavam de Hermopolis e os árabes de Eshmunen). Mas Toth também tinha templos iniciáticos em Abydos, Hesert, Urit, Per-Ab, Rekhui, Ta-ur, Sep, Hat, Pselket, Tamsis, Antcha-Mutet, Bah, Amen-heri-ab e Ta-kens. Nestes templos os seus discípulos aprendiam as bases do que chamamos de “Livro de Thoth”, ou como é conhecido pelos profanos, o Tarot. As 78 (ou mais) lâminas, também chamadas “Espelho da Alma”, são capazes de reproduzir simbolicamente todos os fluxos de energia que permeiam uma situação (as pessoas acreditam que o Tarot serve para “prever o futuro” mas isto não é verdade. Seu uso principal é para autoconhecimento). Saiba tudo sobre Tarot com o Canal Portugal Místico.
Ele era considerado o coração e a língua de Rá, assim como a vontade de Rá traduzida para a fala (o Verbo). Dentro do Panteão Egípcio, ele possuía diversas funções muito importantes (entre elas, ensinar a escrita, magia, ciência, astrologia e ajudar no julgamento dos mortos). Toth também é responsável pelo governo dos Planetas e das estações. É chamado de “Senhor das palavras Sagradas” pois foi ele que inventou os hieróglifos e os números. Por ter sido o primeiro MAGI, Toth possuía mais poder até mesmo do que Osíris ou Rá.
Em algumas representações, podemos vê-lo com a crescente lunar sobre sua cabeça e sua figura carregando uma palheta e cinzel. Toth possuía duas esposas, Seshat e Nehmauit o seu festival principal acontecia no décimo nono dia do mês de Toth, alguns poucos dias após a lua cheia do começo do ano.
Toth é considerado deus da Magia, escrita, invenções, profecias, música, tarot, conhecimento, ciências, medidas, matemática, fala, oráculos, julgamento, desenhos, arquitectura, gramática, teologia, hinos, aprendizado, livros, registos Akashicos, paz e orações.
Hermes
Hermes também é tido como uma das mais importantes divindades gregas do Panteão Olímpico. Considerado o mais jovem dos deuses, ele é o protector de todos os viajantes e ladrões, é o mensageiro dos deuses, responsável por levar a palavra dos deuses até aos mortais (qualquer semelhança com Prometeu ou Lúcifer NÃO é mera coincidência); Hermes é o deus da eloquência, ao lado de Apollo, é o Deus dos diplomatas e da diplomacia (que era chamada de Hermeneus pelos gregos) e é o deus dos mistérios e interpretações (da onde vem a palavra Hermenêutica). Além disto, era um dos únicos deuses que tinha permissão para descer ao Hades e partir quando desejasse. Todos os outros (incluindo Zeus) estavam sujeitos às leis de Hades.
Hermes tinha vários símbolos, mas os mais tradicionais eram as sandálias com asas, o caduceu (que curiosamente representa a Kundalini, duas serpentes enroscadas em um cajado que é o Sushumna) e a tartaruga (de cujo casco ele criou a primeira Lira).
Como inventor de diversos tipos de corrida e também das lutas, Hermes era considerado o patrono dos atletas. Finalmente, era tido como o inventor do Fogo (em alguns textos anteriores a Prometeu) e considerado um deus pregador de partidas e peripécias, que adorava criar problemas aos seus irmãos (isto desde seu nascimento, quando a primeira coisa que fez quando aprendeu a andar foi roubar os bois de Apollo e escondê-los). Hermes era patrono dos alquimistas, magos e filósofos.
Mercúrio
Para os romanos, Mercúrio surgiu da fusão do deus Turms (Etrusco) com as características de Hermes grego, em aproximadamente 400 aC. Mercúrio tornou-se assim o deus do comércio (em muitos países o símbolo do Caduceu é usado para indicar administração e não medicina por esta razão), das estradas e das relações de diplomacia. Mercúrio não era tão popular entre os romanos como Hermes era entre os gregos, sendo considerado um deus menor dentro do Panteão romano.
Mercúrio era patrono do comércio, transportes, sucesso, magia, viagens, apostas, atletas, eloquência, mercadores e mensageiros.
Então… Hermes Trimegistus?
Hermes Trismegistus é a tradução em latim e significa “Hermes, o três vezes grande ou mestre”.
Trata-se do nome dado pelos neoplatónicos, místicos e alquimistas ao deus egípcio Toth ou Tehuti, identificado com o deus grego Hermes. Ambos eram os deuses da escrita e da magia nas respectivas culturas.
Toth simbolizava a lógica organizada do universo. Era relacionado aos ciclos lunares, cujas fases expressam a harmonia do universo. Referido nos escritos egípcios como “duas vezes grande”, era o deus do verbo e da sabedoria, sendo naturalmente identificado com Hermes. Na atmosfera sincrética do Império Romano, deu-se ao deus grego Hermes o epíteto do deus egípcio Toth.
Como “escriba e mensageiro dos deuses”, no Egipto Helenístico, Hermes era tido como o autor de um conjunto de textos sagrados, ditos “herméticos”, contendo ensinamentos sobre artes, ciências e religião e filosofia – o Corpus Hermeticum – cujo propósito seria a deificação da humanidade através do conhecimento de Deus. É pouco provável que todos esses livros tenham sido escritos por uma única pessoa, mas representam o saber acumulada pelos egípcios ao longo do tempo, atribuído ao grande deus da sabedoria.
Segundo Clemente de Alexandria, eram 42 livros subdivididos em seis conjuntos. O primeiro tratava da educação dos sacerdotes; o segundo, dos rituais do templo; o terceiro, de geologia, geografia, botânica e agricultura; o quarto, de astronomia e astrologia, matemática e arquitectura; o quinto continha os hinos em louvor aos deuses e um guia de acção política para os reis; o sexto era um tratado médico.
Também é creditado a Hermes Trismegistus, “O Livro dos Mortos” ou “O Livro da Saída da Luz” e o mais famoso texto alquímico – a “Tábua de Esmeralda”.
Ao longo das Eras…
Como a origem dos conhecimentos herméticos datam de alguns milhares de anos, é natural que durante tão longo tempo tenham ocorrido grandes transformações, tanto no que diz respeito aos aspectos organizacionais quanto no contexto dos próprio ensinamentos. Dito isto, resultou um grande número organizações no passado assim como no presente intituladas de “Ordem Hermética”. Os conhecimentos e a estruturação de algumas são oriundas das Escolas de Mistérios do Antigo Egipto. Naturalmente o termo “Ordem” só apareceu depois da decadência do Egipto, quando grupos de estudiosos deram nomes às organizações que transmitiam o conhecimento deixados por Thoth. Sempre existiram muitas organizações que se intitularam de Sociedade, ou de Ordem Hermética, e também na actualidade. Muitas trazem ensinamentos autênticos, embora algumas atribuam o nome “hermética” a conceitos de grupos ou meras fantasias.
Ordens herméticas que ficaram consagradas ao longo dos séculos foram a Ordem dos Cavaleiros Templários [wiki], a Maçonaria [wiki] e a Ordem Rosacruz [wiki].A Ordem Hermética da Aurora Dourada [wiki] é uma ordem nova comparada com as anteriores e surgiu no final da década de 1880.
Os ensinamentos de Hermes-Toth chegaram à actualidade baseados em escassos documentos que constituem o “Kabalion“ [Caibalion], “A Tábua da Esmeralda“, “Pistis Sophia“, “Corpus Hermeticum“, e alguns outros papiros. Naturalmente que o acervo de ensinamentos de Thoth estão contidos em muitos outros documentos que foram preservados e mantidos sob a guarda de Ordens Iniciáticas. Tratam-se de documentos originais e cópias que foram preservados do incêndio da Biblioteca de Alexandria.