Segundo a autobiografia de Osho, a sua trajetória espiritual começou, humildemente, de maneira semelhante à de antigos profetas, aos 21 anos, com uma revelação. Ele conta que numa noite de Março de 1953 foi acordado por uma energia forte no seu quarto, correu para o jardim onde meditava e viu tudo iluminado. Ficou 3 horas em estado contemplativo – “chapadão”, como definiu – e 7 dias sem falar. “Dias se passavam e eu não sentia fome, não sentia sede. Desde aquela noite, nunca mais estive no meu corpo.”
Nos anos 70, Osho já tinha uma pequena multidão de seguidores e o movimento começou a ganhar as feições de uma religião. Em 1970, num campo de meditação, ele fez a iniciação formal do primeiro de seus discípulos – ou neosanias. Em 1971, ele mesmo mudaria seu nome para Bhagwan Shree Rajneesh – ou “Rajneesh, o senhor abençoado”, em sânscrito – deixando clara sua ligação divina. Os neosanias adoptaram rituais como vestir roupas vermelho-alaranjadas, um colar de 108 contas e um medalhão com a imagem do líder. Além disso, cada novo discípulo era rebaptizado pelo mestre para caracterizar a adesão. Afinal, Osho e seus seguidores mudaram-se para uma comunidade no parque Koregaon, em Puna, Índia, que se tornou um resort de meditação. Segundo Usarski, mais uma característica de um movimento religioso. “Religiões integram socialmente, já que membros de uma comunidade religiosa compartilham a mesma cosmovisão, têm valores comuns e praticam sua fé em grupo.”
Em Puna, Osho aplicava métodos terapêuticos em workshops e dava palestras diariamente. De manhã, comentava os ensinamentos de tradições religiosas, como o budismo, o sufismo e o cristianismo. À tarde, respondia perguntas sobre temas como amor, ciúme e meditação. Num mês, falava em hindi, no outro, em inglês. Cada série de 10 dias foi publicada em forma de livro, compondo mais de 240 obras em 7 anos. Na época, Osho já tinha cerca de 400 livros publicados, somando um volume de texto maior que o da Bíblia ou do Alcorão. Em 1976, o complexo de Puna ganhou um edifício dedicado exclusivamente à produção editorial do guru. Os livros levavam a palavra de Osho para o mundo inteiro e atraíam cada vez mais gente para conhecer de perto seu movimento. No fim dos anos 70, o centro recebia cerca de 100 mil pessoas por ano. E cada vez mais ocidentais eram conquistados pela ideia de renunciar às repressões impostas por religiões, educação, governos e outras tradições, sem ter de abrir mão do mundo material.
O interesse de estrangeiros fez o movimento buscar uma base fora da Índia e em 1981 Osho e seus seguidores mais próximos mudaram-se para um terreno ENORME, no deserto de Oregon, nos EUA, dando um passo importante para internacionalizar o movimento.
Por não condenar a riqueza, o movimento atraiu a atenção de milionários. E começaram as polémicas que marcariam aquela temporada. Osho ficou famoso pela sua coleção de 93 Rolls-Royces e uns quantos Bentleys. Rajneeshpuram começou a sofrer boicotes da comunidade local. Alvarás foram negados e o visto de residente de Osho foi negado… a solução era interferir nas eleições locais com a sua persuasão e outras técnicas que permitissem o seu sucesso e permanência.
Junto com Sheela, o agora Osho esteve na origem do ataque bioterrorista de 1984 em The Dalles, Oregon onde 751 pessoas foram envenenadas pelos seus seguidores esperando incapacitar a população votante e fazer crescer a influência dos seus representantes nas eleições.
No rescaldo deste incidente Rajneesh decidiu mudar de nome pela 3ª vez e abandonou a comunidade que liderava e a sua imensa e polémica colecção de Rolls-Royces e deu-se como culpado de 3 das 24 sérias acusações de que era alvo escapando com o pagamento de umas multas e a deportação dos Estados Unidos. 21 países negaram a entrada a Osho por ser alegadamente um líder terrorista regressando a Poona onde acaba por morrer em 1990.
E nem lhe vou contar as atrocidades e imoralidades praticadas no seio da seita que vão desde maus tratos, objectificação da mulher, degradação da individualidade sexual e inúmeras acusações de pedofilia ou orgias ritualísticas.