Nesta época do ano é inevitável sermos expostos a uma espécie de pornografia natalícia cheia de falsos gordos bonacheirões vestidos de vermelho. A praga dos ‘Pais Natais’ é de tal intensidade que até as pessoas pela moral e os bons costumes são obrigadas a dizer às criancinhas que existem seres imaginários que lhes dão prendas.
Já sei… não vais querer ler o texto porque achas que já sabes que quem criou o Pai Natal foi a Coca-Cola…
Só que não, por isso lê!
Aqui e ali, há uma série de especialistas na matéria (porque aprenderam numa conversa antiga de café ou leram no Facebook) que sorriem de soslaio e montam o seu cavalo afirmando saberem de onde vem esta figura. Se calhar deveriam saber a história toda porque na realidade a Coca-Cola só o pintou de vermelho!
Vamos a factos…
Em 1626 um barco apinhado de holandeses, para tornar a história curta, chegou às Américas e, tipo formigas encarreiradas, lá foram todos criar a Nova Amesterdão. Estavam tão contentes que além de beberem cerveja quente para festejar colocaram a estátua da proa do seu barco no centro da recém-criada vila… era o santo patrono daqueles marinheiros: o célebre São Nicolau. Aquela cambada de holandeses chamava-lhe o ‘Sinterklaees‘ e com o tempo acabaria por se tornar no nosso famoso Santa Claus (para nós o Pai Natal, porque religiosos como nós não permitimos que manchassem a imagem do S. Nicolau, padroeiro dos estudantes desde 1664).
Na altura não era nem gordo nem fofo, mas já carregava uma barba considerável e uma história interessante com um passado pagão remoto, mas quando os ingleses tomaram a vila de assalto ficaram com a ideia e mudaram o nome da cidade para Nova Iorque e quase que o Santa Claus morria para o mundo.
Já em 1823 o livro do historiador americano Washington Irving, «Knickerbocker History of New York», inspirou um poeta (Clement Moore) a escrever o famoso ‘A Visit From Saint Nicholas’ onde o descreve como um velho e bem disposto elfo. Curiosamente, a imagem de elfo estava arreigada ao personagem Santa Claus devido às lendas associadas a Nicolau antes de ser cristianizado. Este poema viria a tornar-se um sucesso das férias festivas quando a revista Harper’s Magazine decidiu publicá-lo pedindo ao cartoonista Thomas Nast que o ilustrasse, só que este senhor nada percebia de elfos e o decidiu desenhar como se lembrava serem a histórias dos gnomos da terra de seus pais na Bavaria.
Nem tudo o que sabemos é o que realmente foi…
Percebamos então…
Já se contava que o gordo personagem visitava as casas magicamente para dar presentes a todas as crianças que se portavam bem e lhes comia os biscoitos e lhes bebia o leite. Foi um sucesso tremendo e publicação após publicação, ano após ano, a ilustração ia ganhando contornos mais adequados a crianças tornando-se no gordo, fofo, barbudo, bonacheirão e de ruborizadas bochechas que hoje conhecemos… mas não tinha cores!
Foi só em 1931, quando a Coca-Cola foi proibida de fazer publicidade dirigida a crianças (por conter coca na receita), que o departamento de marketing atingiu o maior sucesso de toda a história da publicidade: colocaram um pai natal vestido de vermelho a beber uma coca-cola deixada por uma criancinha em vez do tradicional leite… bem… o resto é história!
Nem tudo o que sabemos são factos…
De facto… o São Nicolau, em si mesmo, é uma subversão grotesca da igreja católica para apagar uma figura shamanica da tradição pagã do Yule siberiano, uma espécie de druida que parava o tempo para se dirigir a vários locais de forma milagrosa puxado por renas num trenó e que presenteava as pessoas mais bondosas das aldeias… como ainda diz a música pagã, numa tradução à letra: «ele sabe quando tu dormes, ele sabe quando tu acordas, ele sabe sempre se és mau ou se és bom; por isso para teu bem se foste bom, vai dormir que ele já chega!»
Mas eu nem vou por aí… como sempre a igreja se não o consegue vencer, baptiza-o e já está! Existem registos de épocas completamente díspares de pelo menos 4 diferentes individualidades que são, alegadamente S. Nicolau.
O shamã siberiano, santo padroeiro da Rússia e benfazejo que usava azevinho na cabeça e carregava ervas na sacola como bom curandeiro local. As histórias deste Nicolau são tão antigas que se perdem no tempo e se misturam com as histórias menos fofas do seu ajudante com cabeça de bode que açoitava as crianças que se portavam mal: Krampus.
Ainda hoje algumas localidades festejam o dia deste ajudante de Nicolau que se diz ser filho de Hel, que era filha do deus Loki da mitologia nórdica.
Depois temos outros Nicolaus mais tardios de onde ressalta o turco de Parata ou o, mais conhecido, S. Nicolau de Mira, o taumaturgo.
Ao contrário do que se quer fazer crer não se consegue ao certo identificar qual o Nicolau que corresponde a cada uma das lendas e histórias e junta-se tudo numa sopa de sincretismo católico e logo estará pronta para servir a quem acredita em tudo o que ouve sem investigar.
Mas não acredite em nada que leu… Investigue!
[CONTRA FACTOS…]
Uma rubrica escrita em tom de crónica mordaz baseada em factos que pretendem oferecer uma visão mais realista sobre a verdade das coisas. Na era da informação a ignorância é uma escolha!
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